Sindicato e funcionários da Avibras se reúnem para discutir propostas de investidor que negocia aquisição da empresa
21/11/2024
Sindicato se reuniu com o possível investidor nos últimos dias para discutir a situação dos trabalhadores, que estão em greve e não recebem salário há 19 meses por conta da crise financeira da indústria bélica de Jacareí (SP). Sindicato e funcionários da Avibras se reúnem para discutir propostas de investidor
André Luis Rosa/TV Vanguarda
Os funcionários da Avibras - empresa sediada em Jacareí (SP) - se reuniram com o Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos nesta quinta-feira (21) para discutir a proposta apresentada pelo investidor que negocia a aquisição da indústria bélica.
Em recuperação judicial por conta de uma crise financeira, a empresa anunciou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor brasileiro, que ainda não foi revelado - entenda abaixo.
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O sindicato já teve dois encontros com o possível investidor para discutir a situação dos funcionários da empresa. O objetivo foi discutir as condições dos funcionários caso o negócio seja concretizado.
Isso porque os trabalhadores da Avibras estão há 19 meses sem receber salários e em greve desde setembro de 2022, por conta da crise financeira da empresa.
A plenária entre os funcionários e o sindicato, marcado para esta quinta-feira (21), teve como objetivo discutir as propostas apresentadas pelo investidor.
Esse encontro, que aconteceu na subsede do sindicato em Jacareí, começou às 8h30. Em seguida, os trabalhadores fizeram uma passeata na região da prefeitura da cidade.
Nova reunião sobre o futuro da Avibras será realizada nesta sexta-feira (22)
Reunião entre sindicato e investidor
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e representantes do investidor brasileiro que está interessado em comprar a Avibras, indústria bélica de Jacareí, se reuniram na última terça-feira (19) para debater a atual situação da empresa.
Após cerca de quatro horas de negociação, a reunião de terça-feira terminou sem um acordo entre as partes. Uma nova reunião deve ser realizada nesta sexta-feira (22), às 14h.
Segundo a ata da reunião a qual o g1 teve acesso, o investidor está realizando diligências para entender o real cenário da Avibras e essas avaliações devem ser concluídas nas próximas semanas.
O documento pontua ainda que, pela avaliação que está em andamento, o investidor identificou situação financeira "dramática" e que algumas medidas podem ser impostas para salvar a empresa, como repactuação dos débitos trabalhistas com os empregados.
Caso o negócio seja fechado, alguns pontos foram propostos na reunião pelo investidor. Entre os principais estão:
Permanência da empresa na região pelo período de 10 anos;
Não redução de quadros, mas pode haver eventual "layoff";
Retomada do trabalho presencial pelos trabalhadores em meados de dezembro de 2024;
Retorno do salário mensal dos trabalhadores, contemplando já o 13º;
Retomada do plano de saúde corporativo;
Recebimento do salário mensal e mais um salário atrasado para quitação dos salários não pagos durante a greve.
Os representantes do sindicato, no entanto, rejeitaram a proposta e colocaram algumas condições, como:
Data para reestabelecimento do plano de saúde;
Pagamento do 13º no dia 20 de dezembro;
Extensão das cláusulas sociais do acordo coletivo até 2026;
Reajuste das cláusulas econômicas em 4%;
Pagamento de todas as verbas salariais e reflexos atrasados, além de todas as multas em 4 vezes; e
Estabilidade para todos os trabalhadores até abril de 2025.
Avibras: reunião entre sindicato e representantes de possível comprador termina sem acordo
Os representantes da empresa e do investidor, contudo, rejeitaram a contraproposta e, como não houve um acordo, a reunião foi encerrada.
Por meio de um comunicado, a Avibras confirmou a realização de uma segunda reunião e disse que "as diligências necessárias, para possível aquisição da empresa, prosseguem e devem ser concluídas nas próximas semanas".
Ainda segundo a Avibras, "o investidor reconhece a viabilidade de recuperação da companhia, mas considera crítica sua situação financeira, exigindo adoção de medidas rigorosas para viabilizar o seu resgate e retomada das atividades o mais breve possível".
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou no fim de outubro que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, como o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação".
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negocia com um investidor brasileiro
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial - de 2022 para cá - é de cerca de R$ 327 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 924 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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